domingo, 5 de fevereiro de 2012

Possibilidades pedagógicas contra a ditatura da realidade


Nos inspira:

Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=Ul90heSRYfE

Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=fBXFV4Jx6Y8&feature=related

"'É triste, mas, o que fazer? A realidade é mesmo esta.' A realidade, porém, não é inexoravelmente esta. Está sendo esta como poderia ser outra e é para que seja outra que precisamos, os progressistas, lutar. Eu me sentiria mais do que triste, desolado e sem achar sentido para minha presença no mundo, se fortes e indestrutíveis razões me convencessem de que a existência humana se dá no domínio da determinação. Domínio em que dificilmente se poderia falar de opções, de decisão, de liberdade, de ética.

'Que fazer? A realidade é assim mesmo.', seria o discurso universal. Discurso monótono, repetitivo, como a própria existência humana. Numa história assim determinada, as posições rebeldes não têm como tornar-se revolucionárias.

Tenho o direito de ter raiva, de manifestá-la, de tê-la como motivação para minha briga tal qual tenho o direito de amar, de expressar meu amor ao mundo, de tê-lo como motivação de minha briga porque, histórico, vivo a História como tempo de possibilidade e não de determinação. Se e realidade fosse assim porque estivesse dito que assim teria de ser não haveria sequer por que ter raiva. Meu direito à ravia pressupõe que, na experiência histórica da qual participo, o amanhã não é algo pré-dado, mas um desafio, um problema. A minha raiva, minha justa ira, se funda na minha revolta em face da negação do direito de 'ser mais' inscrito na natureza dos seres humanos."

(Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, pp. 75 - 76)

Nenhum comentário: