Jade Pereira
29
de março de 2012, a Congregação da São Francisco decidiu que João Grandino
Rodas continua a ser considerado persona non
grata
para esta casa. Título merecido pelos inúmeros ataques a nossa Faculdade.
Como
não lembrar das tentativas de instalar catracas, câmeras, dos atos de
improbidade administrativa, da grade curricular caótica imposta em 2007, e quem
de nós franciscanos não está, ainda hoje, com um sentimento de derrota,
engasgado na garganta, ao ver o já tão sofrido acervo de nossa biblioteca
disputando espaço com pombos em um prédio decadente, sem elevadores e com
infiltrações? Sentimento esse ainda intensificado pelo modo de transferência
totalmente irresponsável, durante o período das férias, em caixas precárias
empilhadas, expondo os livros ao calor e à chuva, em demonstração de total
falta de compromisso com a Faculdade, nossa tradição e história.
Pois,
não bastasse as inúmeras investidas autoritárias e privatistas de João Grandino
como diretor da Faculdade de Direito, como reitor, Rodas foi além.
O
que ele deveria fazer como reitor era, por exemplo, liberar verba para a
reforma do prédio anexo da FD e construir uma biblioteca de verdade, como tem a
maioria das outras faculdades da USP. Nos deparamos, no entanto, com uma severa
recusa em liberar verba pública para consertar seu próprio estrago, pelo qual
quem paga somos nós. Além disso, publicou boletins informativos, em nome da
reitoria da USP, com críticas à diretoria da São Francisco. Tais boletins,
contendo acusações à diretoria de “descontinuar projetos”, de “inatividade”, a
essa altura dos acontecimentos, foram mais que patéticos e risíveis, mas imorais, já que visavam manipular a opinião da
comunidade acadêmica, culpando a atual diretoria pela falta de reforma do prédio
da biblioteca, quando já era mais que um fato, sabido e comprovado, que as
causas dessa situação vivida pelas Arcadas foram tão-somente os atos do reitor
e sua desastrosa gestão como diretor da São Francisco.
As
mentiras publicadas, fazendo uso da estrutura da reitoria para tanto, foi o que
bastou, a gota d’água para uma mobilização ampla de todos aqueles legítimos
representantes da Faculdade de Direito da USP, alunos, professores e
funcionários. A revolta foi marcada por ato de repúdio no pátio, organizado pelos grupos Universidade Crítica e Fórum da
Esquerda, e por decisão unânime na Congregação de impor o
título de persona non grata
a João Grandino Rodas em 29 de setembro de 2011.
Sabemos
que o título persona non grata, por
si só, não resolve nossos problemas. No entanto, é importantíssimo, pois tem um
significado político: é uma afirmação de nossa postura contrária a tudo aquilo
que o Rodas representa, afirmação daquilo que não estamos dispostos a abdicar,
pois vemos como inegociável, desfecho final de nossa recusa em continuar passíveis
diante da política nefasta do reitor nesta faculdade, fechado a qualquer
diálogo. A passividade, como podemos ver na história, é terreno fértil para o
autoritarismo e, portanto, é necessário lutar contra ela também. Do contrário,
continuaremos vendo nossas salas batizadas com nomes de banqueiros, livros da
biblioteca amontoados e alunos e professores subjugados.
Rodas,
talvez por ainda ter a ilusão de que aqui exista uma manada, palavra que ele
adora utilizar, pediu revogação do título. Dos 41 votos, 17 professores a favor, 17 professores, 4 alunos e 3
funcionários contra. Resultado: derrotado, por 24 a 17.
(Maria Sylvia Zanella Di
Pietro - prof. Titular de Direito
Administrativo e relatora do recurso na Congregação).
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